sábado, agosto 02, 2014

17:19 - 17:48

TODOS OS DIAS AO ABRIR OS OLHOS PREVEJO COMO TUDO VAI SER, MERA ROTINA. Me vejo pegando triste e pensativa demais, por pior que seja ficar assim o dia inteiro, raramente saio dessa melancolia. Porque a dor ė um dos últimos veículo com Denilson, e, por mais forte que seja, eu me abrigo nela como num cobertor, como uma adolescente que corta com uma gilete a própria coxa, machucando a mim mesma simplesmente porque preciso sentir alguma coisa. Não estou pronta para deixar que o tempo cicatrize essa ferida, mas também sei que sou impotente para detê-la. E o fato de compreender isso me leva a lutar ainda mais para me agarrar a dor e me ancorar a essa tragédia enquanto ela ainda está fresca. Por isso, de vez em quando cutuco minhas feridas 
como um cão que tenta desesperadamente arrancar sangue fresco do ferimento aberto, apesar de saber que um dia arrancarei a casquinha e não encontrarei mais sangue, mas apenas um pedaço macio e rosado de pele virgem. E quando esse dia finalmente chegar, quando o tempo inevitavelmente acabar ganhando de mim, serei obrigada a aceitar que Denilson se foi definitivamente. 

Às vezes q única verdade com que podemos lidar é aquela com que acordamos a cada manhã. E hoje, como acontece em todas as manhãs, acordei com a dor. Sendo assim, faço barreiras com que ninguém agrave mais ainda.

E eu conheço o roteiro, decorei minhas falas. Espera-se que estou bem, ou que vou levando, ou que alguns dias são melhores que os outros, ou que, na medida do possível, vou indo. Mas não, na verdade estou saturada, tomo estas merdas de comprimidos e mesmo assim não consigo dormir, por isso tomo mais comprimidos e tenho pesadelos dos quais não consigo acordar porque as merdas do comprimidos não deixam, e quando finalmente acordo estou mais cansada do que antes e, na verdade, nem quero acordar, porque quando acordo só consigo pensar na droga da minha vida e nele e quero dormir de novo.

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